Púlpito parlamentar

No Brasil é comum escutarmos a velha frase popular “político é tudo ladrão”. Geralmente dita com o orgulho exacerbado, sem um embasamento qualquer. A maioria da nossa população é a massa e a minoria tem formação critica. O povo está acostumado a debater as vésperas eleitorais qual é o ‘menos pior’ candidato. A banalização generalizada é social, política, econômica e cultural. A educação que deveria implicar na construção da realidade, anda beirando uma alienação que compromete o que poderíamos chamar de democracia. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) - em 2010 - cerca de 10% das pessoas com 15 anos ou mais, são analfabetos. A inclusão social parte da educação. Se as propostas das campanhas políticas saírem das teorias para as práticas, poderemos ver uma mudança neste panorama. Segundo Paulo Freire, “É por meio da educação de qualidade que o homem torna-se cidadão e aprende a ler a realidade social como participante ativo”.

Na indústria eleitoreira não existe mais política x política, a politicagem é uma atividade comercial. Pensar no próximo quadriênio não é mais pensar na esperança, é esperar o próximo espetáculo. A responsabilidade e seriedade estão engavetadas nos gabinetes do poder. As vantagens políticas são conduzidas em detrimento do bem público. O assalto ao erário é a moda do superfaturamento, uma modalidade antiga que na prática chamamos de corrupção. Os adjetivos de nossa cleptocracia são: propina, fraude, nepotismo, suborno, extorsão, entre outros. Na pandemia do corrupto, a falta de ética, moral e conduta estão aliadas a ganância política, empresarial e religiosa historicamente comprovada.  O famoso ‘White-Collar’ não sai de moda. Segundo John Acton, “O poder tende a corromper e o poder absoluto corrompe absolutamente”.

Somos filhos de uma democracia sem partido, os políticos se unem por interesses do poder, não existe mais esquerda ou direita e sim o meio.  O sistema político democrático não é mais soberania popular, alguns governam seus interesses enquanto fingem governar os interesses da população. A “política do Pão e circo”, romana, parece ter espelhado a oligarquia brasileira. Andam mascarando o interesse público nos espetáculos midiáticos. Notícias requentadas são alimentos do escrupuloso moralismo de bolso. Há décadas o Brasil vem enumerando uma vasta lista de escândalos políticos. Na era tecnológica do sensacionalismo, criaram a comissão da verdade. E o que é verdade na história política brasileira?

O modernismo eleitoral trocou o papel e a caneta dos intermináveis dias de apuração por urnas eletrônicas. Dos palanques de comícios aos showmícios dos horários políticos. Os gritos das praças públicas atualmente são passeatas e os folhetins são panfletos partidários. As pessoas não saem mais as ruas fazendo histórias, elas movem ações políticas na internet. A tendência retrô, vintage ou demodê está em alta. Embora muitos queiram se desfazer das más lembranças ditatoriais, parece que remeter-se ao velho virou hit da estação primavera eleitoreira.  O efêmero marketing político não utiliza das antigas estratégias para criar uma memória de campanha eleitoral na internet e redes sociais.  O povo quer ver propostas não uma guerra de poder, quer ações e não discursos de ataque. Não obstante, vivem a dizer: “Não se faz mais política como deveria”.

Num país de terceiro mundo onde a política tenta ser de primeiro mundo, qual será o próximo passo? Votos virtuais em meio à alienação social?

Um comentário:

Guillermo Tequila disse...

Dani, parabéns por suas colocações. Concordo quando fazes abordagens com relação à "Alienação Social" e "À falta de Ética". Infelizmente, sabemos que a atual realidade vivenciada por muitos deve-se à falta de Atitude e Dignidade de um povo (sem generalizar) que preferiu tornar-se Conformista e escravo de suas próprias decisões tomadas. Beijão amiga!