Hoje eu olhei
para o passado e resgatei uma dessas lições da vida. Tipo: “de tanto ensinar, aprendi.” A gente se
torna inesquecível na vida de alguém por tudo àquilo que fazemos de bom. Assim
como quem deixa de fazer são esquecidos, e os que fazem o mal não são
lembrados. Nesse último semestre me dei férias antecipada. Não queria mais elaborar questões de entendimento,
nem capitular as razões, e resolvi virar a página do livro coração. Sim! A vida
é uma questão infinita de múltiplas escolhas, para quem se arrisca e para quem
é de decisão. Na arte da vida o mestrado pode servir para ensinar a qualquer 'ama-dor'
sobre suas riquezas. Porém, como me disse o docente Eduardo Rangel, lucidez não é para todos.
No começo do
ano resolvi abrir as portas do meu mundo para me dedicar ao tema
sentimentalismo. Fui tão a fundo nessa matéria que comecei a dar aula
particular. Abordei o tema liberdade como sujeito do predicado ao que chamamos
de verdade. E consegui na interpretação do texto mostrar por A+B que perdoar é
um ato -nobre e libertário- tão igual quanto o ato de se redimir, desde que as
palavras sejam verdadeiras. Essa foi uma das razões que me fez questionar que
outra mulher faria isso, dedicar sua sabedoria e fortuna a um rapaz que reprovou
na cadeira do EGO?!
Quem
iria levantar um castelo para coroar alguém como realeza, diante os tantos defeitos
no reflexo do espelho? Eu fui lá lapidar o vidro como se fosse pedra preciosa. Dediquei
dias e noites para ensinar valores que não tem preço. Segurei a queda de um
paraquedista e o levantei com as belezas da vida. Por mais alto que se possa
voar o mais importante é saber aterrissar. Tirei a dúvida dos seus dedos que
simbolizava dor, solidão e frieza... Quando dei as minhas calorosas mãos de
cumplicidade. Não é fácil para um guerreiro abandonar sua armadura, assim como
não é fácil confiar em alguém. Mas confiança
foi à primeira apostila das nossas preleções, titulada por: “A confiança é como
um cristal”. Entre tantas outras cartilhas...
Das lições da vida arqueadas de
confiabilidade, eu bem que tentei! Fiz do possível e impossível. Estive ao lado
dele em todos os momentos, principalmente quando ele pensava em si mesmo. Ministrei
um congresso de compreensão, sobre distância e distanciamento. Marquei presença
em tudo de bom e ruim, enquanto anotava sua falta. O ensinei que conversar é a
chave que soluciona problemas, mesmo escutando o seu silêncio ecoar. Eu dei os
meus ombros mesmo quando estava certa, pra ver tantas vezes ele me dar às
costas. Pensei que estava despertando nele, os melhores sentimentos, mas ele
estava alimentando a fome voraz do seu ego com a mesa farta dos meus bons
sentidos. A última coisa que eu faria era magoá-lo, já ele sentia prazer em me
magoar para elevar o seu ego. Tem coisas
que só Freud explica. Principalmente dessas coisas sobre Id, Ego e Superego.
Fui acusada, julgada e criticada sem o
devido mérito. Agora eu me culpo por ter me empenhado tanto a quem se envaidece
com futilidades e se engrandece de soberba. Sou culpada de dedicar tanto
entendimento a quem só entende de seu próprio umbigo. Sou culpada em acreditar
na sinceridade, quando nem a verdade dessa lição ele soube contar. Sou culpada
por não ter ganância e me deixar envolver com um milionário da cobiça, porém
pobre de sabedoria. Sou culpada de alimentar o vazio do ego dele e deixar-me esvaziar.
Sou culpada pela
busca dele tentar me encontrar até em pensamento. Porque ele pode enumerar
fileiras de idades, cores e sabores... Eu não sou número para colecionador de
ostentação. Estou longe de empregar meu coração ao capitalismo que conseguiu
mercantilizar o sexo e o amor para consumo rápido e pronto, como um objeto.
Nada mais atraente ao consumidor que a pseudo-liberdade de se relacionar com
várias pessoas na sua abstinência sentimental. Por isso garanto que não faço
parte de vitrine alguma. Cansei de ensinar. Mudei de estação. Agora resolvi me culpar
por exercer a minha melhor mania. A mania de ser feliz. A felicidade não é
plena, mas temos dias de plenitude. Mudei o foco! Porque há outras coisas
importantes como meu bem estar. Não tem coisa mais linda dentro de si, do que a
certeza que foi feito tudo certo. Pode o mundo rodar lá fora. Agora serei
culpada todos os dias por ele ter aprendido sobre o amor.
Na essência
humana fomos instruídos de que o amor é sublime, ninguém pode mais que ele.
Quando existe sentimento de verdade, não há reza, mandiga e nem patuá. E nas
aulas de reflexões, ele entendeu que o amor não é fácil como a paixão, simplesmente
por não ser efêmero, por se fortalecer nas diferenças. O amor nos faz rir
sozinho imaginando todas as qualidades e defeitos do outro. Faz coisas
inexplicáveis terem mil explicações que poucos podem explicar. Enquanto que a
paixão pensa no hoje, numa beleza estereotipada de desejos. O amor pensa no
amanhã, numa beleza estereotipada de valores. A paixão brinca no jogo de se esconder,
o amor tem medo de perder. A paixão esquece, o amor relembra. A paixão apaga, o
amor se mantém aceso. A paixão deseja à pele, o cheiro, a cama - saciar. O amor
deseja o jeito, o olhar, o cheiro - arrepiar.
Porém, falar
que você é única, que você é a felicidade, que é um sonho realizado, certeza de
vida e uma projeção do futuro é muito fácil e bonito. Beleza mesmo é na prática
mostrar essa teoria. Até esmola que é donativo de caridade a gente espera
dádiva em compensação. Avalie sentimento?! Sinceridade é um ato de coragem realmente
para poucos. Como dizem os poetas, “viver é melhor que sonhar”. Resolvi
do ponto final, me dá reticências porque meu coração é um retalho onde eu vivo
a costurar cicatriz, mas não é espantalho para ave de rapina pousar. De tanto
ensinar me dei livre docência.
3 comentários:
Poxa, no mundo de imediatismo e frases curtas, me encantei ao dedicar mais que um segundo para ler este texto... simplesmente fantástico!!!
Enriquecedor...
Obrigada.
É assim que é !!
Nossa Danizinha, que leitura vc tira das suas vivências cotidianas, me vi em várias partes do texto, amei o ponto de vista, vc consegue traduzir oq vivemos buscando, de uma forma muito lúcida, plena e clara! Adoreiiii...."viver é melhor que senhar..." sem duvidas.....bjão linda e devemos sempre lembrar pro amor não existem fórmulas!
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