Tem mulher quem pode, já dizia minha mãe.



  
    Quando nasci fui o único baby do sexo feminino no berçário da maternidade do Hospital Santa Joana. Poderia até fazer uma analogia ao sexismo e dizer: Bendita sois, entre os homens. Por falar nisso, o que seria mesmo feminismo?  O hiperônimo do machismo, chauvinismo ou misoginia? Muito peculiar essa forma de pensamento. Como o de “linkar” cavalheirismo ao próprio machismo.  
    Ser feminista é muito mais além. Não está numa questão regional ou comportamental, de raças ou classes. É uma conscientização ligada a padrões sociais, culturais, políticos e econômicos. Graças a esse tal “feminismo”, que nós mulheres podemos recusar o sexo com o marido. O resgaste de uma indentidade humana as mulheres se deu dessa conquista contra o sistema. E vale lembrar que nas civilizações antigas a mulher é o símbolo fundamental de sabedoria espiritual, fertilidade, vida e força.      
    A revolução moral da mulher é histórica e atual. Sim! A mulher é um sexo frágil e não deixará de ser. Mas uma mulher é um ser-humano e nas questões de cidadania todos tem o direito de ir e vir. Portanto o respeito é à base desse pensamento e não o gênero. A busca por essa questão de valores é voltada contra a estrutura patriarcal que domina culturalmente em todo o mundo. Segundo Martin Luther King, "Uma injustiça em algum lugar é uma injustiça em todo lugar".  
    O reflexo dessa cultura patriarca é unissex. Homens e mulheres sofrem agressões domésticas. A mulher conquistou uma lei penal, o homem vai demorar a conquistar. Por quê? Porque a sociedade é machista. A mulher tem vergonha de ir à delegacia para preservar o que aprendeu com seus avós: o lar, o marido. Já o homem tem vergonha de dizer que apanhou de uma mulher, porque os homens foram criados nesse conceito para engolir o choro.
   
É nesse contexto que os homens podem trair e as mulheres não. São desmoralizadas e eles são apenas garanhões. Na consequência disso mulheres casadas são contaminadas por doenças sexualmente transmissíveis através de seus maridos. O desequilibrio dessa sociedade é grave. Os homens largam os estudos para sustentar a casa, as mulheres pensam no casamento para ser dona do lar. A mulher tem prioridade na guarda dos filhos. E se o pai daquele filho for o chamado “PÃE”? Infelizmente essas questões são espelhos do nosso dia-a-dia.
   
O reconhecimento desses fatores é a busca do feminismo que muitos hoje em dia tentam titular de outra forma. Como “sexismo benevolente”, “mulherismo”, “movimento feminista radical”. O feminismo existe desde que a primeira mulher entendeu seu sofrimento, desde a primeira negra que foi estuprada pelo senhor feudal, desde a primeira mulher que não teve direito de liberdade. Devido à evolução humana que alguns tomaram conhecimento e que muitas mulheres como Berta Lutz, Ângela Diniz, Olympe de Gouges, Etta Palm e a destemida Théroigne de Méricourt, marcaram a revoluação dos sutiãs.
   
Ainda escuto de várias mulheres: EU NÃO SOU FEMINISTA, é assim mesmo em letras garrafais. Uma pena! Uma pena a influencia machista incubir essa ideologia fazendo com que tantas mulheres não entendam de sua história. Em 1911 a feminista Belén Sárraga escreveu isso aqui: “Diz-se com razão que a família é a base dos Estados. Tem estes de ser, portanto, o que a família é; a cultura, o valor moral, as tendências profundas e características da comunidade social. São outros tantos reflexos das qualidades e dos defeitos daquela unidade básica. Mas a família por sua vez tem um centro, uma célula, uma base insubstituível: a mulher-mãe. Portanto, os destinos do Estado repousam, em ultima análise, na educação da mulher, na mãe de família.” A partir desse principio que sonhos são vedados, estereotipados, caricaturados por medos e preconceitos.
   
O que todos precisam é de gentileza, do respeito mútuo. Daquele velho e habitual cavalheirismo para as devidas damas. O cavalheirismo não é machista por tratar uma mulher como um ser frágil. A mulher é deveras um sexo frágil e é papel do homem tratá-la com carinho e atenção. Assim sucessivamente. "Feminino são os trejeitos, características que criam para diferençar o que é da mulher, a chamada sutileza ou o que seja semelhante a isso." Veja bem! Cavalheiro é um homem de sentimentos e ações nobres. Que mulher não gosta de um galanteio? Palavra antiga, mas de significados imensuráveis; ações ou ditos de galante, atenções amorosas. O que deveria ser costumeiro no cotidiano de todos ao menos como significado de educação. Porque costume de casa vai à praça.

Ser mulher é ser feminista. Homem, seja também.

Um comentário:

Michi Maria disse...

Não sou a favor de direitos iguais. Defendo os direitos femininos. Temos que respeitar as diferenças biológicas: tpm, menstruação, gravidez... E as diferenças culturais: fazer unhas, cabelo, depilação, usar salto alto, batom, roupa bonita... Se o homem não valorizar essas diferenças, vá namorar outro homem e sinta se a vontade pra dividir a conta!