"Jornalismo por satélite"




"Hoje podemos chamar o jornalismo de ágil, pois as notícias chegam rapidamente através da tecnologia atual".


Por: Dani Leão

Elias Higino de Sá, pernambucano, nascido em 17 de maio de 1949, signo de touro. Não é torcedor de futebol, afirmando que os jogadores ganham com os pés o que ele passa a vida inteira lutando, através do intelecto, para ganhar. Formado em: Jornalismo, Direito, Letras e Computação. Relata que mesmo com essa formação acadêmica, um curso sempre foi relacionado ao outro, mas especificadamente na área de comunicação. É aposentado e para sustentação familiar (filhos), voltou a trabalhar.
(D) Com quantos anos formou-se e há quantos anos exerce a profissão de jornalismo?

. Formei-me aos 22 anos e trabalho na área desde os 17 anos. Hoje tenho 55 anos e lembro- me do início da minha profissão, onde eu trabalhava no setor gráfico. Tudo era mais difícil naquela época porque não tínhamos essa facilidade que é a internet, os jornalistas tinham que fazer uma pesquisa de campo nos locais em busca de notícia com qualidade. Hoje em dia você ver plantão em função de artistas famosos, já que os fatos "sociais" são divulgados virtualmente ou por telefone. Claro que existe a pesquisa de campo hoje, de uma forma superficial em comparação ao início do jornalismo aqui no Brasil.

(D) Você pode citar alguns jornais que trabalhou na época da república militar?

. Tem o jornal Última Hora que é referência da época aqui em Pernambuco, porque este jornal continuou mesmo após o golpe de 1964 e a partir de 1967 com a criação da Lei de Imprensa e a Lei de segurança nacional. Trabalhei no Rio de Janeiro, Tribuna Bahia em Salvador. Outros jornais pernambucanos... Radiodifusão, Jornal Pequeno e Diário de Pernambuco. Que logo em seguida ficaram na concorrência o Jornal do Commercio e Diário de Pernambuco, então muitos jornalistas antigos como eu, passaram "tempos" saindo de um (JC), entrando em outro (DP) e vice-versa. E nesse troca-troca exerci quase todas as funções no jornal, só não fui editor-geral e vendedor de jornais. (risos)

(D) Qual é a sua definição positiva e negativa existente no jornal impresso?


. Em relação a minha experiência posso afirmar que o ponto positivo de maior importância para o profissional de comunicação é ver o seu trabalho no jornal, na televisão, na revista, no rádio e etc. Lembro quando vi minha primeira matéria no jornal sendo lida por um cara no ônibus e pude vir sua reação, que por sinal, me deixou orgulhoso do meu trabalho. O jornalismo em si vicia e como qualquer outra profissão, tem seus pontos negativos. Por exemplo: Um dia, fiquei responsável por uma matéria policial e por outros motivos fui o último a chegar no local do crime, não tinha mais aquele tumulto de fotógrafos e repórteres, mas tinha um senhor encostado num muro que me perguntou se eu queria saber sobre o fato ocorrido. E em troca da informação me pediu um prato de comida. Fiz uma matéria exclusiva porque consegui informações únicas e ao chegar na redação minha matéria foi trocada por um anuncio publicitário. É comum isso que ocorre, até porque o jornalismo depende da publicidade. Outro fator é a mutilação da sua "redação", nem sempre tudo que você escreve vai para o jornal da mesma forma. A não ser que o que você escreveu faça parte do editorial.

(D) De acordo com as fases da revolução houve as fases do jornalismo, você presenciou ou utilizou o trabalho especializado naquela época?


. Sim, eu trabalhei com a tipografia aos tipos móveis, passando "Line of tipe" até chegar à computação gráfica. Desde a reprogravura, clicheria até a digitalização de imagens.

(D) Qual a diferença do jornal impresso antigo, com o atual, em relação à abordagem da capa?


. O jornal tem que ser objetivo visualmente e graficamente. Hoje em dia, se eu der uma olhada na capa de um jornal, eu sei lhe dizer o conteúdo dele, o que não acontecia nas capas dos jornais antigos que tinham uma linha diferenciada. Pois utilizavam mais fotos do que matérias, uma manchete e até mesmo, títulos de matérias relacionando-as com a numeração da página. A objetividade do jornal atual é incomparável porque há um padrão que a maioria deles possuem dez matérias (títulos) na capa, incluindo as manchetes. Também acho exagerada a forma atual de capa, por ser bastante colorida.

(D) Qual a sua maior crítica ao jornalismo hoje? E diante da sua formação se sente arrependido por optar jornalismo entre outras profissões?


. Não me arrependo de nada que fiz. Acho que a maior crítica geral, não só ao jornalismo, mas aos meios de comunicações é a banalização. A "pornofonia" é utilizada sem respeito e ética para com as crianças. De forma grotesca usam à imagem da mulher, misturando o sensual com o pornográfico. O furo jornalístico não existe mais, pois mesmo que a primeira informação é a que "fica", a falta de ética faz dos meios em geral uma banalidade, que é vendida hoje em dia.


(D) Sabemos que você costuma fazer outros trabalhos como lazer, são por motivos financeiros? Tem planos de realização profissional fora do jornalismo?


Claro que de uma certa forma ajuda na minha renda mensal, mas o principal motivo é a leitura. Estou sempre de mochila e renovando os livros que carrego nela, agora mesmo estou com um livro (curso) de língua Hebraica.Como lazer dou aulas de inglês e alemão.Também faço desenhos publicitários que são vendidos de vez em quando. Pretendo escrever um livro sobre o jornalismo.


"O jornalista tem três funções básicas:
Beneficiar mais de uma pessoa,
ser justo
e ilícito".
Higino

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