Hábito

   Eu gosto do seu jeito, da veemência. De como o lusco-fusco passa em claro, da maneira imperceptível que nos aprofundamos em demasia. Eu gosto de nivelar nossos desejos para completar a reciprocidade. Não é aleive, já que o léxico entre nosso plural sempre foi leal. Eu gosto de sentir a chuva quando molha nossos lábios no inverno, de perfumar nossa cama com flores da primavera, de fazer piquenique no outono, de estar com você naquela praia deserta em pleno verão. Eu gosto dessa intensidade, com a qual sentimos a vida.

   Eu gosto do seu jeito, do alvedrio. De como os dias ganham vida sem se prender ao supérfluo, da maneira simples que nos entendemos sem exigência. Eu gosto da liberdade que compartilhamos em segredo. Não há enigma, já que a surpresa entre nós é voltada as várias manias em comum. Eu gosto de perder a hora sem perceber, de dar gargalhadas por bel-prazer, de nosso vocabulário insano, de nossas músicas de anos. Eu gosto dessa sintonia, com a qual dividimos tanto.

   Eu gosto do seu jeito, do êxito. De como os mimos se tornam donativos devido à falta do toque, da maneira como suas mãos afagam minha nuca. Eu gosto do trocadilho verbal imposto como um contrato duradouro. Não é negócio, já que a palavra é nossa garantia de continuidade. Eu gosto das suas atitudes inigualáveis, da desordem com que você se expressa, das suas cenas patéticas, de seus defeitos perdoáveis. Eu gosto dessa tranqüilidade, com a qual você me dá confiança.

• Para amar eu não preciso de muito, apenas de humor!

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