Maria Solidão não precisa mais rezar de coração fechado para Miguel. O desejo de negação invadiu a sua paz. Ele deixou de dormir com a web cam ligada, deixou de mandar mensagens e esqueceu as ligações. Não tem mais sabor de flor os seus finais de semana e agora tem estrada como tradição. Porque o moço da caatinga é ave do sertão, quando soam palavras secas ao vento ele voa sozinho. Toda vez que Maria se desprendia dos valores sociais de convivência ao ver em Miguel o espelho de seu passado, ele apenas absorvia a amargura dela se distanciando do mundo. A saga de Maria em seu desconhecido íntimo é envolta de posse, egoísmo e obsessão. Aflorados com a chegada de Valentina, a menina das janelas. Que abria os horizontes para chegada do sol, que abria os céus para o sorriso da lua, que abria o coração de Miguel. Mas para Maria o sentindo lírico já tinha perdido seu encanto, arrumar os cantos de cada espaço em sua casa era um passatempo para cobrir as horas de isolamento, pensando em Miguel e crucificando Valentina. Quando ele preenchia alguma hora vaga, ela soprava no eco sua existência com torpedos de moral que fazia o tempo fechar. Então ele corria para Valentina abrir seus caminhos e destravar o silêncio. Todos os dias o ponteiro anunciava o árduo trabalho do rapaz em dar atenção para as duas. Até que nessa confusão ele começou a dar a elas o mesmo tipo de tratamento, sem saber conviver com a dona das chaves e a dona da gratidão ao mesmo tempo. Aos poucos Valentina foi colocando as chaves nas janelas, enquanto Maria se deleitava com as conquistas sem saber que Miguel tem sede de abertura...
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