Mais um ano bissexto indigesto. A fúria dos
fenômenos naturais ao homem e ele à sua
própria natureza. O amor lutando contra o
ódio, implorando pela paz. A fome invadindo a
alma, rogando compaixão. O desespero
alucinado pedindo atenção. O mundo como
uma bola de neve continua a girar, bolando
penúria, silenciando gritos inocentes,
aumentando a injúria.
Enquanto muitos olhares fazem vista grossa,
enquanto muitas mãos não são estendidas,
enquanto muitos permanecem inertes,
o mundo desenha seu círculo vicioso
decadente. Povoado de catástrofe,
alimentado de miséria, como mais um
sobrevivente incolor.
E a esperança sempre no combate, o único
soldado da vitória. Sonhando acordada
diante um pesadelo, fugitiva da realidade
porém erguida de fé. Habituada aos desejos
da humanidade, nessa guerra pela vida.
Atravessando terras, mares, bosques e
esquinas. Para que os reféns voltem
aos seus habitats, para que lágrimas
se tornem risos e o destino seja límpido.
Para que neste Natal tenha Paz na Terra
e Paz no espírito.
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